Oi pessoas! Gisele Marques chegando ao time de redatores do admina. Aqui um breve versinho que escrevi sobre mim:
“Eu sou uma mulher com deficiência, sou preta, sou budista, sou magrela, sou umbandista, sou alegria, sou periferia. Sou colorida, sou introvertida com nuances extrovertidas, sou entusiasta. Eu não apenas uma. Eu sou muitas. Eu sou todas e, todas as diversidades fazem parte de mim.”
Dentre tantos papéis e funções já atuei ou atuo dentro dos 4Ps (Projeto, Pessoas, Produto, Processos), hoje tenho me sentido instigada com as camisas de Produteira e Mobilizadora de pessoas. Maravilha, agora avancemos para a troca de conhecimento: vamos de artigo novo no nosso blog!
Em 2018, segundo o IBGE, o Brasil ultrapassou a marca de 208 milhões de habitantes. Um dos pontos de destaque neste estudo é o apontamento sobre a diminuição da relação de jovens e idosos. O IBGE estima que, em 2060, 25% da população brasileira será composta por pessoas acima de 65 anos. Envelhecer melhor, também representa aumentar a longevidade de disposição para atividades laborais. Empresas comprometidas com a pauta DEIA - Diversidade, Equidade, Inclusão e Acessibilidade - estão se movimentando para inclusão etária, seja na criação de produtos, seja na contratação de profissionais maduros. Na vanguarda, está o setor de Tecnologia e Inovação, com sua postura disruptiva.
Em 2016, Gina Pell - Chefe de Conteúdo do site “The What”, criou o nome Perennials (em alusão à união das palavras “Perene + Milennial”) para descrever pessoas que não tem idade - entusiastas, curiosas e que experimentam a vida. Perennials estão abertas ao aprendizado, à mudança de carreira, ao desenvolvimento de novas habilidades e conhecimentos. Na entrevista de hoje, vamos conhecer duas histórias:
São mulheres que, após conquistarem carreiras sólidas, entenderam que eram capazes de enfrentar o desafio de transição de carreira para Produto.
Vamos lá?
[Ivy]: Comecei a trabalhar muito nova. Filhas de comerciantes, aos 9 anos já participava da rotina do restaurante desde anotar até ajudar na limpeza. Na juventude, fiz de tudo um pouco: estudei contabilidade, assumi a administração do restaurante da família por um período, recepcionista de consultório, vendedora e, no final de 2005, iniciei como caixa de banco. Tive uma carreira de 16 anos em um dos maiores bancos brasileiros, sendo que, nos últimos 10 anos, fui gerente de times operacionais dos segmentos varejo e atacado.
[Carolina]: Sou formada em Hotelaria e trabalhei nesse ramo por um período na área operacional. Depois, quando conheci o mercado de Turismo de Lazer, decidi empreender -o maior desafio da minha vida. Nessa jornada de empresária de uma operação totalmente offline, criava algumas soluções digitais, de forma empírica. Se, de um lado, eu tinha muita vivência na área de negócios, por outro faltava conhecimento em tecnologia. Há aproximadamente 1 ano, estudo muito sobre como unir Negócios e TI.
[Ivy]: Já comecei a sentir a pressão trabalhando. A oportunidade de promoção aos 40 anos é praticamente nula. E eu me questionava constantemente sobre isso, afinal, estou na metade da minha vida profissional - como assim não posso mais pensar em crescimento ou em trocar de área? E no mercado de trabalho, sempre nos é muito questionado: “você é mulher, com 40 anos e sem filhos”. Para os empregadores, tal perfil representa um estigma: “Esta mulher quer engravidar urgentemente”. Também, somos desacreditadas abertamente ao considerar a possibilidade de transição de carreira aos 40 anos.
[Carolina]: Num primeiro momento, pode parecer insano fazer transição de carreira aos 40. Mas, pensando matematicamente, não é. A expectativa de vida subiu muito nos últimos anos. Na geração dos meus avós, e até dos meus pais, aos 50 as pessoas estavam se preparando para parar de trabalhar. Hoje, a coisa é diferente. Se eu pensar que minha vida produtiva no mercado vai até os 80 e comecei trabalhar aos 20, isso significa que ainda tenho ⅔ da jornada a ser cumprida - isso é muita coisa!
[Ivy]: Participei da digitalização bancária como gerente de banco e observava como isso impactava a vida dos meus antigos clientes. Comecei a me aproximar da tecnologia com o intuito de fazer parte da construção dos produtos e das melhorias contínuas. E, como gosto de identificar os problemas e buscar soluções, fazer a transição para produtos fez todo sentido com o que eu já executava e com o que quero fazer no futuro. [Carolina]: Para mim, Produto une as duas pontas da cadeia - negócios e TI. Não existe mais negócio sem tecnologia e não faz sentido existir tecnologia sem um negócio. Estes dois ramos caminham juntos. E no meio deles, está o que faz o mundo andar: as pessoas. A união de todos esses pontos foi o que sempre idealizei, eu encontrei isso em Produto.
[Carolina]: Fiz um plano que acompanho diariamente num quadro Kanban! No meu caso, era um plano de longo prazo, pois envolvia desde vender a minha empresa até aprender tecnologia. Quando pensei na minha transição de carreira, meu objetivo era ser ponte entre negócios e tecnologia. Descobri a área de Produto durante a execução do plano.
[Ivy]: Acredito que o destaque é a comunicação e a bagagem de liderança. Já o ponto fraco, é que por ser de uma outra geração. Às vezes, a postura durante a entrevista pode me colocar em um lugar que remete a uma coisa mais tradicional. Por exemplo, sempre me arrumo social para uma entrevista hahaha Ai parece que não tenho o fit para vaga. Por ser uma área mais aberta e de inovação, isso pode dificultar o match.
[Carolina]: Acho que meu destaque é a maturidade emocional e as experiências diversificadas, que me dão uma bagagem grande em liderança, comunicação e solução de problemas. O senso de dono é algo vivenciado e que faz parte da minha raiz empreendedora. O ponto fraco está em eu conseguir mostrar como uma carreira não linear pode agregar valor. Tecnicamente falando, preciso me aprimorar na utilização de ferramentas.
[Carolina]: Todas! ahahhaha. Mas acho que resiliência hoje é meu ponto mais forte. Vivi muitas coisas que me deram essa capacidade de adaptação a mudanças!
[Ivy]: Acredito que a pessoa de produto precisa entender sobre negócios e como administrar expectativas. Vejo muitos requisitos focados em ferramentas que é algo que você faz um curso e aprende. Algo que pode ser trabalhado sem muita complexidade após a entrada na empresa.
[Carolina]: Não tenho essa clareza! Vejo muita vaga para PO e PM pleno e senior. E sempre me pergunto sobre essa senioridade. Por exemplo, se uma pessoa foi PO senior na indústria X, na indústria Y ela é sênior também? O fato de ela não entender daquele mercado mas ter sido PO por X anos faz dela senior na próxima? Acho, também, que, em mercados mais recentes como o de Produto, pedir senioridade é delicado. Claro que eu, no papel de empresária, quando possível, quero um profissional que me entregue resultado mais rápido. Mas será que, se eu formar esse profissional aqui dentro, esse processo não pode ser feito com mais qualidade e o ganho no médio prazo maior?!
[Ivy]: A senioridade comportamental é de extrema importância para uma pessoa de produto, pois ela precisará unir várias áreas e profissionais diferentes em favor de um objetivo em comum. Essa maturidade para lidar com pressão de forma conciliadora e com o olhar voltado para o negócio e a qualidade pode ser o ponto para a evolução do produto.
[Ivy]: Eu já fui liderada por uma pessoa mais jovem e liderei pessoas mais velhas. A visão precisa ser outra, a idade é apenas um ponto. Aprendi muito com minha liderança mais jovem, a competência dela no que fazia era admirável. O olhar mais idealizador era fantástico. A diversidade dentro de um time contribui para trocas de experiências e visões diferentes dentro da mesma realidade. E, consequentemente, gera mais resultados.
[Ivy]: Não somente dentro do mercado de produtos mas em geral, temos uma barreira quando falamos de idade. Vejo que, tanto o RH quanto os profissionais de produto, têm a tendência de selecionar pessoas mais jovens. Se observar, a faixa etária é de no máximo 35 anos. A visão de negócio, que é exigida na maioria das descrições, fica sempre de escanteio.
[Ivy]: O meu receio é a idade. Justamente por ser um perfil de profissionais mais jovens, tenho receio de demorar mais tempo para entrar no mercado. Até agora, aprendi que é preciso trabalhar minha resiliência diariamente e, principalmente, continuar fazendo networking mesmo após minha entrada no mercado. [Carolina]: Meu receio é não conseguir fazer a transição por falta de competência técnica em uso de ferramentas como Jira, SQL e outras que são pedidas em algumas vagas. Sigo nos estudos para compensar a falta de experiência nisso…. No fim do dia, sabemos que o conhecimento está espalhado na sociedade. Então, quanto mais gente conhecemos, ouvimos e trocamos, maiores são as chances. Esse é um aprendizado de vida!
Um muito obrigada pela participação das adminas Ivy e da Carolina em um bate papo tão rico e contrutivo sobre suas experiências, que certamente ajudará a muitas pessoas a refletir sobre suas próprias jornadas! <3
No Universo de Produto, um dos aliados mais importantes para dar suporte à cadência e dinâmica do negócio é a aderência à cultura de Produto. Essa abordagem reflete na gestão de estratégia e visão, o foco será o impacto do negócio.
A sociedade e o mercado brasileiro mudaram. É tempo de mudanças, de refletir sobre o modus operandi, de revisar valores e visão de negócio. E as organizações orientadas a Produto precisam trabalhar ainda mais na sua característica mais latente: a adaptação. Valorizar profissionais experientes, seja com 34, 40 ou 80 anos, mas com disposição para desbravar novos horizontes e fazer a migração de carreira. Afinal, não existe limite de idade para aprender, concorda?
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