Retrospectivas: como criar engajamento e contexto com seu time
Saudações!
Bom, após algumas semanas de foco na transição na carreira para Produto, vamos mudar um pouco de assunto.
Quando falamos de empresas de tecnologia, quase todas elas são baseadas em conceitos do Manifesto para Desenvolvimento Ágil de Software, também conhecido como “Manifesto Ágil”. Ele é um pilar de conhecimento essencial para uma pessoa de Produto pois, além de frameworks – e não vamos entrar nessa polêmica hoje –, os valores do Manifesto Ágil são transversais e, arrisco dizer, universais.
Se você não os conhece, lá vai:
- Indivíduos e interações mais que processos e ferramentas
- Software em funcionamento mais que documentação abrangente
- Colaboração com o cliente mais que negociação de contratos
- Responder a mudanças mais que seguir um plano
Este manifesto, criado em 2001, ou seja, há 21 anos atrás. Hoje, em 2022, transcende os anos, ainda sendo atual justamente pela sua subjetividade e aplicabilidade. Digo eu, como pessoa vinda do Direito, que os princípios se sobrepõe a meras regras estabelecidas, pois eles são guias e não algemas. Não à toa, e essa é uma verdade ainda pouco difundida, nenhuma empresa consegue aplicar um framework ágil o tempo todo – ou durante muito tempo – by the book, ou seja, totalmente fiel a cada mínimo detalhe.
E tá tudo bem!
Outra verdade mais tangível é que a pessoa de produto não precisa ser expert em Métodos Ágeis e sim conhecer bem seus fundamentos e, sobretudo, o porquê das coisas. E é exatamente isto que vamos explorar neste artigo de hoje.
Vem comigo? 😉
O que são retrospectivas?
As Retrospectivas, também chamadas de retros - dica: pronuncie “rétro” e não “retrô” - surgiram nos primórdios do Manifesto Ágil e se baseiam num dos seus doze princípios:
“Em intervalos regulares, a equipe reflete sobre como se tornar mais efetiva para, então, afinar e ajustar seu comportamento de maneira apropriada”. (destques meus)
Como o próprio nome já diz, a Retrospectiva é um momento no qual todo o time refletirá sobre, dessa vez, não o que foi feito, mas como foi feito. É um respiro em meio às entregas.
Neste momento, se você está se perguntando: “Por que diabos eu pararia o meu time de tempos em tempos para olhar no retrovisor? Isso é desperdício de tempo!”, eu digo: não é!
Quando voltamos aos valores do Manifesto Ágil, dois deles são fundamentais para entender o valor das retros:
- Indivíduos e interações mais que processos e ferramentas
- Responder a mudanças mais que seguir um plano
Neste momento, com recorrência, conseguimos construir contexto, relacionamento e parceria com o time. Quando voltamos para o que foi feito, refletimos sobre o dia a dia de forma conjunta e trazemos as dores e as ações tomadas diante delas conseguimos gerar o fundamento de todo time ágil: o ciclo de melhoria contínua.
Isso tem um poder absurdo não só para o trabalho, mas também para o relacionamento entre as pessoas. As retros são o melhor momento para o time aprender com seus erros, buscar soluções de forma conjunta e construir aprendizados que vão guiá-los, talvez, por toda sua carreira!
Qual a periodicidade das Retrospectivas?
Não existe uma periodicidade certa. É isso mesmo que você leu!
O objetivo da retro é ser uma cerimônia normalmente síncrona (presencialmente ou por videoconferência) que demarca o final de um ciclo do time. Ela pode ocorrer ao final de uma sprint, se o time seguir o scrum bem certinho.
Se não, ela pode ocorrer ao final de uma grande entrega, como uma iteração ou uma realease. Ou pode ser com uma recorrência – semanal, quinzenal, mensal –, se assim o time definir.
Ou pode ser, simplesmente, sempre que o time sentir a necessidade de colocar a bola no chão para pensar e conversar sobre como tem sido a dinâmica de trabalho, com o foco em como ajustar para melhorar.
Se chegar o dia da retro e o time definir que ela não é necessária, não faça. Agilidade também é sobre evitar desperdícios.
Ou seja, tem retro para todos os gostos!
Como construir uma retro?
Existem várias formas de construir uma Retrospectiva.
Normalmente - vou repetir, normalmente -, ela é formada por três momentos:
- quebra-gelo
- quadro “gostei”, “eu gostaria”, “e se” e
- happyness index
O quebra-gelo é o momento inicial. Basicamente, ele serve para conectar todo mundo na cerimônia. Vou deixar aqui um quadro público do Trello (e GRATUITO!) com várias dinâmicas e ferramentas que podem ser usados para quebra-gelo. Entenda esse momento como algo perfeito para que os membros se conheçam. Por exemplo, toda vez que começo a trabalhar num time novo, sempre puxo uma atividade para que a gente se conheça melhor. Falar sobre filmes favoritos, contar duas verdades e uma mentira, fazer uma playlist às cegas, etc.. Mas tem uma dinâmica para final de OKRs que eu acho fantástica: a Dinâmica das Cinco Tias. Se você quiser saber mais sobre ela, vou deixar também este vídeo. Ah, o quebra-gelo também funciona bastante com jogos, como stop, gartic e among us, dentre outros.
O quadro “gostei”, “eu gostaria”, e “se” é um framework básico de Retrospectiva e é a parte mais importante dessa cerimônia. Basicamente, é um quadro com três colunas onde todos os membros devem preencher tudo aquilo que eles gostaram durante aquele tempo no time, tudo que gostariam que tivessem feito (ou melhorado) e, por fim, sugestões começando com a particula “se”. Uma ferramenta on-line excelente para esse framework é o easyretro ou este quadro gratuito do trello.
Por fim, o happyness index é um formulário em que cada pessoa do time responde – de forma anônima! – sobre o quanto se sente confortável com o time. Pode haver uma avaliação sobre cada área do time (exemplo: IT, UX e Produto) e um espaço para propor melhorias ou pontos de atenção.
Considerações finais
Com esse artigo, acredito que conseguimos cobrir boa parte sobre essa atividade incrível que bebe na veia da agilidade. As retros são aliadas de todo e qualquer pessoa de Produto no seu dia a dia, pois ela fornece contexto ao time, privilegia as interações e promove a melhoria contínua.
É fundamental, na construção de um time de alta performance – em qualquer área – que seus membros se conheçam, se respeitem e se ajudem mutuamente em busca de obter o melhor resultado com o menor desgaste (= esforço) possível. Para isto, a retro serve como um espaço seguro no qual os membros podem trazer para a mesa as dificuldades, refletir coletivamente e pensar em soluções assertivas.
Dúvidas? Críticas? Sugestões? Fala comigo nas redes sociais, estou a uma mensagem de distância!
Até a próxima! 😊
