Oi, gente, turubon?
Hoje, vamos testar um formato diferente de post, baseado na ideia de collab. A partir do que vivemos, estudamos ou acompanhamos nas discussões pela internet afora, vamos trazer nossos pontos de vista sobre um mesmo tema. No caso da publicação de hoje, o foco será: cursos na área de Produto.
Em especial nos últimos 2 anos, chama a atenção a ampliação da oferta de cursos e materiais de capacitação na área de Produto, dos caríssimos (💸) aos gratuitos. Certamente, o crescimento do mercado de Tecnologia e a ampla oferta de vagas, mesmo durante a pandemia de Covid-19, que impactou significativamente a já abalada economia brasileira, é uma razão para isso. Além do mais, de acordo com o estudo da Brasscom, divulgado em 2021, a média de salário no setor chega a ser 2,5 vezes maior que a média nacional de salários.
Diante deste cenário, o mercado de Tecnologia passou a ser uma possibilidade para muita gente e, dentro dele, a área de Produto se torna especialmente interessante por abraçar, não só profissionais com formação original em Tecnologia, mas também de diversas outras áreas.
Mas vamos com calma que nem tudo é tão simples assim.
Alanna – Então, você decidiu que quer trabalhar com Produto e está interessado em aprofundar seu conhecimento em Product Management ou UX. Antes de sair por aí caçando curso, pare dois minutinhos para pesquisar mais a área e tentar fazer uma análise da sua realidade hoje, considerando:
Thiago - Sendo bem direto, por dois motivos:
Se você está começando do zero, provavelmente está inseguro(a) com isso. Se você nunca trabalhou com produtos digitais, ainda não atuou em empresas de tecnologia e agora está buscando migrar para essa área, um curso pode ajudar a entender a razão de existir de uma pessoa de Produto, suas atribuições, responsabilidades, habilidades técnicas (hard skills) e as comportamentais (soft skills) desejadas pelo mercado. Além disso, vai se familiarizar com os jargões da área e seus principais métodos, os famosos frameworks. É uma curva de aprendizado importante, mas cuidado com os contos da carochinha de que Produto é uma profissão que paga super bem e um mar de rosas. A vida real fora do curso varia bastante dependendo de cada mercado, cidade, empresas e afins.
Você precisa fazer networking na área. Sabe aquela frase: “é tudo sobre pessoas”?! Nos negócios e na vida, basicamente, é isto. Migrar ou começar numa área exige conhecer outras pessoas para gerar as oportunidades necessárias. Simples assim. O grande ativo da maioria dos cursos é ter como professores/mentores/facilitadores grandes nomes do mercado e, nas turmas, a oportunidade de fazer parte de grupos, tribos ou comunidades de pessoas que dividem suas dores e compartilham conhecimento.
Então, os cursos acabam sendo um passaporte para o networking. É a forma mais efetiva? Há controvérsias, mas não vamos entrar nelas – não neste artigo, bbs!
Tendo em mente o porquê de estar naquele curso, é muito mais fácil direcionar seus esforços e seus aprendizados, de modo a tirar o melhor proveito daquele investimento. Nunca é demais reforçar também: conhecimento é o melhor investimento que você pode fazer na sua vida, porque as chances de ele retornar para você através daquilo que você faz são exponenciais.
Alanna – Como acontece com outros serviços, nem tudo que é caro realmente vai atender suas necessidades e ter a qualidade que você esperava. Então, vale pesquisar bastante, desconfiar do hype (especialmente promessas que parecem boas demais para serem verdade) e conversar com outras pessoas que já fizeram esses cursos caros.
É verdade que, quando analisamos vagas em Produto, parece que investir num curso de preço alto é quase uma obrigatoriedade. Muitos anúncios de vagas chegam a mencionar até cursos de escolas famosas como um requisito ou algo desejável, o que é especialmente cruel com candidatos que não têm como fazer esse investimento. Além disso, até que ponto ter esse curso no currículo garante que aquele é um bom profissional? Um curso no currículo é certamente um marcador que pode até ajudar o candidato a passar na fase de seleção de currículo, mas não garante nenhum emprego.
Particularmente, acho que nada vale mais do que autonomia na construção da nossa jornada. Por meio de cursos pagos ou gratuitos, ou até mesmo sem cursos, apenas estudando por conta própria, o importante é o conhecimento que você acumula. E não o certificado que atesta as horas que você ficou na frente de uma tela ou numa sala de aula.
E tem muita iniciativa massa que pode te ajudar nesse caminho sem comprometer seu orçamento. Olha só:
Thiago – Um dos maiores motivos de frustração, e isso não é privilégio das pessoas de produto, é criar expectativas altas demais com uma qualificação. Digo isto, como alguém que já fez pós-graduação – na área de direito – em uma renomada instituição à distância e que percebeu que não muda muito das experiências com cursos livres em produto.
No fim, o aproveitamento de qualquer questão relacionada ao conhecimento é muito mais do esforço pessoal do que necessariamente da instituição e/ou do corpo docente. Infelizmente, aprender é algo que depende muito mais de você e ninguém (repito: ninguém) vai poder fazer isto por ti.
E digo mais, no final do dia, no mundo real, não importa de onde vierem os pedaços de papéis ou de bytes (vulgo certificados) que você carrega consigo, mas a resposta para uma singela pergunta: você resolve esse problema?
Então, tenha em mente que o curso é seu aliado, não sua bala de prata. Parece redundante, porém isso precisa ser dito.
Ninguém quer saber quantos frameworks (métodos) você domina, mas sim de que forma você já os aplicou (ou aplicaria) numa situação real. Desta forma, não fique desapontado se o curso não te der todas as respostas – seria inocência de sua parte pensar isso. Muitas delas - as respostas - terão de ser cavadas e construídas no caminho.
Por fim, terminado um curso, para muitos, chega um momento de ansiedade e desespero. Surgem algumas questões:
o que eu faço agora? como eu aproveito esse conhecimento e repertório que adquiri? qual próximo curso eu devo fazer?
Se você concluiu um curso na área de produto, seja ele introdutório ou não, você cumpriu o primeiro requisito que trabalhamos lá em cima. Possivelmente, não está mais tão verde. Então, os próximos passos estão mais ligados àquela autoanálise de refletir sobre os três pilares que compõem uma pessoa de produto: Negócio + Tecnologia + Design. Qual delas você precisa reforçar ou melhorar sua base? Conversar com sua rede de apoio, colegas e, se ja tiver, sua liderança na area, pode ajudar a identificar onde você deveria dedicar mais esforço. E, quem sabe, o próximo passo nem seja um outro curso.
Já parou para pensar se não está na hora de se jogar no mercado? De colocar a mão na massa?
Esperamos que essas dicas ajudem você a traçar uma estratégia para sua própria carreira, adaptando ao seu próprio contexto e evoluindo no seu ritmo. Não tenha pressa, resultados não se constroem com um pedaço de papel.
Esperamos que você tenha gostado e até a próxima!