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Guia: Quero migrar para Produto. E agora?

By Camila & Thiago
July 15, 2022
8 min read
Guia: Quero migrar para Produto. E agora?

Por mais que várias pessoas já tenham trilhado o caminho de transição de carreira, não existe uma receita de bolo ou um processo bem definido para ter sucesso nessa trajetória, pois cada contexto é único e diversos fatores externos impactam a transição.

Quando resgatamos os conteúdos que construímos no admina desde o início do ano, percebemos que haviam vários passos que poderiam formar uma jornada que fosse um guia para todos que estão começando ou já passando por esse processo.

Sendo assim, esse artigo contém algumas dicas que podem ser seguidas durante o processo de transição e faz uma costura entre os conteúdos que produzimos desde o início do blog. Entretanto, é essencial lembrar que cada jornada é única e possui diversos fatores que a impactam. Nosso objetivo com esse compilado é ajudar você a se munir e guiar, escolhendo o que faz sentido para a sua trajetória. Não é sobre a nossa história de transição, porque não tem um passo a passo definido, mas sim sobre o que pode tornar a sua mais leve.

Passo zero: Estou decidide: quero migrar! (é mesmo?)

Antes de iniciar qualquer jornada, acredito que exista um passo zero nesse processo de migração, como se você precisasse colocar um pezinho na área de Produto para conhecer minimamente e entender se faz sentido para você.

Quando eu estava curiosa a respeito da área de Produto, fiz algo que não me ajudou muito: comecei a ler Inspired. Para quem não está familiarizado, esse livro do Marty Cagan é considerado, por muitos, uma bíblia de Produto - leitura super importante e válida - só não para mim naquele momento. Gosto muito de estudar e utilizar a leitura para me aprofundar nos assuntos, mas, na época em que comecei a ler o livro, estava com bastante dificuldade de tangibilizar o que eu estava lendo para um dia a dia de trabalho. Após insistir na leitura por um tempo, abandonei o livro e cheguei à conclusão de que a área de Produto não era para mim.

Na minha cabeça, eu tinha invalidado a hipótese de que queria trabalhar com Produto. Inclusive, demorei alguns meses para voltar a olhar para isso. Foi só um tempo depois, quando voltei a pesquisar vagas, que falei com uma amiga que era PM e ela me contextualizou sobre o que era a realidade de Produto na empresa em que ela trabalhava. Foi aí que as coisas começaram a ficar mais claras e eu consegui me visualizar naquele contexto de forma como não havia conseguido antes.

Tem diversas formas de explorar a área de Produto e, muitas vezes, é um combo de referências que vai fazer você construir a sua visão geral da área. O importante é entender qual a forma mais fácil para você validar (ou não) a hipótese de que quer migrar para Produto.

Para mim, o que virou o jogo foi obter o ponto de vista de diferentes pessoas do mercado para criar uma visão mais transversal do que pode ser o trabalho em Produto.

Então a dica aqui é: use e abuse dos contatos que você possui, das comunidades em que está inserido e da busca no LinkedIn para achar profissionais cuja trajetória te atrai. Busque saber sobre como é o dia a dia, quais são os maiores desafios do ponto de vista da pessoa, do que ela mais gosta, do que ela menos gosta… e aproveite para tirar todas suas dúvidas.

Também, há diversos podcasts que retratam a experiência com Produto que podem ajudar nessas horas. Então, ative a curiosidade e o detetive que mora em você!

Passo 1: Arrume seu currículo e linkedinho (fique amigo dos algoritmos)

Uma etapa que pode fazer toda diferença é arrumar seu currículo pensando em quem o avalia e na forma como os processos seletivos funcionam. A , nossa fundadora do admina, após mais de 100 mentorias focadas em revisão de currículo e de muita experiência na área de Produto, reuniu um passo a passo completíssimo que tem tudo o que você precisa saber sobre como contar a sua história no currículo e aumentar suas chances nos processos seletivos. 📲 Confira o artigo na íntegra clicando aqui.

Passo 2: Com que curso eu vou? (depende!)

Se existe uma pergunta que paira na mente de uma pessoa em transição para Produto ou qualquer área de tecnologia é: com que roupa eu vou qual curso eu faço?

📧 Quer saber mais sobre esse tema? Leia “Raio-X: Tudo que você precisa saber sobre capacitações na área de Produto”.

Porém, como explicamos a Alanna Maltez e eu no artigo acima, antes de entender “qual” é preciso entender “porquê” uma pessoa em migração deve fazer um curso. Aqui existem duas principais (não são únicas, hein?!) hipóteses:

  1. A pessoa está migrando a partir de uma área que não tem nenhuma relação com tecnologia e precisa pegar contexto e entender a base da posição para qual deseja migrar ou
  2. A pessoa está migrando e percebeu que é um requisito de mercado a necessidade de uma certificação.

Independente do contexto - ou hipótese - acima, é preciso reafirmar a frase maravilhosa que a nossa colega Alanna Maltez trouxe: “Um curso no currículo é certamente um marcador que pode até ajudar o candidato a passar na fase de seleção de currículo, mas não garante nenhum emprego”.

O fato de Produto ser uma área relativamente nova e não regulamentada traz uma série de implicações e distorções. Não existem formações, do ponto de vista técnico-educacional, estruturado para Produto. Até porque, o que chamamos dessa “cadeira” ou função de Produto é uma junção de uma série de habilidades técnicas - as hard skills - e sociais - as soft skills - que constroem o repertório profissional com foco em: resolver problemas através de um time multidisciplinar com tecnologia.

Assim, não procure desesperadamente por um curso em específico. Faça uma auto análise (matriz SWOT pessoal é um ótimo ponto de partida) e veja quais pontos você pode fortalecer ou nivelar. A partir disso, vá construindo sua própria trilha de conhecimento na área de Produto.

Passo 3: ‘Tá, mas e as vagas, onde encontro?

Quando falamos onde encontrar vagas em Produto, não tem muito mistério: Google, sites de vagas das empresas nos principais ATS’s (ex: Gupy/Kenoby, Greenhouse e similares), LinkedIn e Glassdoor.

O pulo do gato, se é que podemos chamar assim, são filtros e alertas.

Quanto estive na jornada de recolocação/migração de carreira, eu construí filtros em todas essas ferramentas para encontrar vagas para Associate Product Manager (APM), Product Manager Jr, Product Owner, Product Manager, Business Analyst (BA) e vagas 100% remotas. Assim, eu recebia muitos e-mails (construí um filtro/caixa para recebimento específico dessas vagas) e dedicava um tempo todos os dias para analisar as oportunidades.

Aqui existem alguns macetes.

O primeiro deles é ter um plano definido. Um dos meus principais erros, na época, foi submeter meu currículo sem nenhum critério prévio (Compartilho parte dessa jornada neste artigo aqui). Não faria isso novamente. A quantidade de “cartuchos queimados” é muito grande e não faz sentido, porque você só aumentará o índice de “nãos” e respostas automáticas.

Ao invés disso, trace uma estratégia. Por exemplo, se você possui uma formação prévia (como no meu caso, Direito) é mais propício tentar vagas para lawtechs e legaltechs - foi o que, no fim, eu acabei optando para primeiro passo. Talvez, para uma primeira oportunidade, faça sentido começar numa startup, vez que as empresas mais conhecidas possuem muita visibilidade (e disputa), sem contar que numa estrutura menor você tem mais oportunidade de aprendizado empírico e crescimento como profissional (o famoso “mão-na-massa” ou, com raio gourmetizador, “hands-on”).

Infelizmente, não tem receita de bolo. Cada pessoa e cada trajetória é única. Porém, utilizando bem esses macetes já dá para surfar bem. 😉

Passo 4: Passei do ‘buraco negro’ dos ATS’s, como me preparo para entrevistas?

Sua estratégia inicial está fluindo bem, seu currículo está aderente com o mercado e você começa a ser chamado para as próximas fases. Essas fases, normalmente, envolvem entrevistas de sondagem (screening), entrevistas técnicas e, eventualmente, cases.

📲 Vale a pena ler: “Do outro lado: o que uma pessoa recrutadora avalia numa seleção em Produto?”

O ponto das entrevistas é encará-las como um grande laboratório. A construção de um storytelling (história) consistente leva tempo. Saber quais palavras são gatilhos positivos ou negativos só dá para saber testando e validando. Para pessoas de Produto, ter essa mentalidade é fundamental. Eventualmente, você vai receber muitos “nãos”. E está tudo bem!

O mais importante não é “””fracassar””” (milhões de aspas aqui), mas aprender com isso. Melhorar a cada entrevista. Pedir feedback.

Este ponto [do feedback], inclusive, é um macete interessante. Não espere a entrevista encerrar para perguntar quais são os pontos de melhoria. Inclusive, perguntar é um ponto central de todo bom entrevistado. Muito mais do que responder corretamente às perguntas feitas pelo entrevistador, mas mostrar uma curiosidade genuína é fundamental. Quer um bônus? Dá uma olhada neste artigo do Diego Eis com perguntas para PMs em Entrevistas (tem uma sessão só para perguntas para os entrevistados fazerem).


alô, Jô aqui! Invadi para dar o spoiler que, em breve, pipocará aqui um artigo bem detalhado e pragmático sobre como se preparar para cada tipo de entrevista de processos de Produto, com as perguntas que sempre surgem e, sim!, suas respostas!


Passo 5: Aproveite o caminho (e compartilhe ele!)

Durante todo seu processo, precisa ficar claro que você está iniciando uma mudança, e está prestes a mudar de rota, então pode ser que em alguns momentos não seja tão confortável assim. Em processos de mudança, mexemos com muita coisa, pois é como se estivéssemos entre duas versões de nós mesmos: a antiga e a que ainda está por vir - e ela vem acompanhada de incerteza pois, naquele momento, ainda não estamos vendo a “luz no fim do túnel”.

Tendo isso em vista, é normal que a angústia, as preocupações e até mesmo a comparação venham bater na nossa porta. O importante nessas horas é ser sua autorreferência e ter como indicador o seu próprio amadurecimento e evolução nesse processo. É muito comum focarmos no resultado que vamos obter, mas o que vai fazer com que a gente sustente e atinja o resultado é ter consistência e paciência durante o caminho. Portanto, se permita sentir, sem julgamentos, tudo que vier: seja raiva ou tristeza quando as coisas saírem fora do planejado e alegria nas pequenas vitórias.

Compartilhar o seu processo também pode ser interessante, assim como buscar apoio de pessoas que estejam passando por uma situação semelhante. Se permita ouvir a história dos outros (principalmente a de quem já passou por isso) e observe que, embora cada processo seja único, talvez isso possa ajudar a trazer um pouco de conforto para o desconforto através dos desafios em comum.

Considerações finais

Assim como todo carnaval tem seu fim, esse guia chegou também ao seu final. 😢

Esse passo a passo foi pensado e construído a quatro mãos justamente para demonstrar que cada jornada é inteiramente única (e sua) e que o ponto alto disso é saber que você não está sozinho. Impreterivelmente, toda pessoa que começou ou transacionou para Produto (ou qualquer outra carreira) teve um marco zero, um gatilho, um estalo.

É importante dizer, ainda, que não é saudável fazer comparações. Em nenhum aspecto, seja tempo, oportunidades, ou qualquer coisa do tipo. A sua jornada é inteiramente particular e se você deseja se comparar com algo, que seja com o seu eu de ontem.

Essa é a mentalidade de melhoria contínua de quem, de fato, quer crescer.

Aqui, apresentamos uma série de conteúdos autorais da comunidade ao longo desses primeiros meses de Blog do admina. Em breve, teremos uma nova leva de conteúdos com outros olhares e compartilhamentos igualmente importantes e que sempre visam contribuir e fazer essa jornada solitária menos penosa. Se vale uma dica adicional é essa: ninguém vai fazer por você, mas você nunca está só.

Conta com a gente, estamos à uma mensagem de distância!

(Há)Braços, Cami e Thi.


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Redatores em collab

Table Of Contents

1
Passo zero: Estou decidide: quero migrar! (é mesmo?)
2
Passo 1: Arrume seu currículo e linkedinho (fique amigo dos algoritmos)
3
Passo 2: Com que curso eu vou? (depende!)
4
Passo 3: ‘Tá, mas e as vagas, onde encontro?
5
Passo 4: Passei do ‘buraco negro’ dos ATS’s, como me preparo para entrevistas?
6
Passo 5: Aproveite o caminho (e compartilhe ele!)

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